terça-feira, 21 de agosto de 2012

EDUCAÇÃO E FETICHE DOS NÚMEROS: SONHO, CINISMO POLÍTICO E FRACASSO DO PROJETO DE DESENVOLVIMENTO NACIONAL


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Acredito que quem, minimamente, preocupa-se com a educação nacional está atordoado e com algumas perguntas referentes aos números do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) divulgado pelo MEC (Ministério da Educação) no dia 14 de agosto último. Especialmente a Paraíba tem motivos de sobra para preocupar-se, uma vez que a média paraibana (vide tabelas ao final) desse índice mostrou-se abaixo da média nacional que, diga-se de passagem, também não é lá essas coisas.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado em 2007 para medir a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino. O indicador é calculado com base no desempenho do estudante em avaliações do Inep  e em taxas de aprovação. Assim, para que o Ideb de uma escola ou rede cresça é preciso que o aluno aprenda, não repita o ano e frequente a sala de aula. Para consultar o IDEB de sua cidade acesse http://ideb.inep.gov.br/resultado/, ao final do texto teremos duas tabelas com os resultados de algumas cidades do cariri paraibano.
Dessa forma, uma coisa, certamente, ninguém discorda, que a educação é um direito fundamental e social prescrito na nossa Constituição Federal de 1988 (arts. 6º e 205, sendo dever do Estado provê-la em seu viés formal e também da família, no que lhe competir enquanto tal. Sendo assim, o IDED, a priori, serviria para indicar o grau de cumprimento desse dever pelo Estado do direito fundamental de cada cidadão desse Brasil.
Entretanto, o que muitos cidadãos não lembram, é que os números do IDEB, também servem, principalmente, para demonstrar, na nossa visão, o tamanho do prejuízo geracional que a gestão pública incompetente (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), cujos gestores eleitos por nós, durante décadas não conseguiram imprimir qualidade e eficiência no nosso ensino. Prova disso, é o aumento considerável do acesso ao ensino superior (mais um fetiche dos números), em que saltamos de 2 milhões de estudantes no ensino superior para mais de 6 milhões. Entretanto, as empresas privadas e o serviço público tem sofrido para captar profissionais capacitados para desempenhar atividades em seus quadros.
Isso é um verdadeiro entrave para o projeto de desenvolvimento nacional, uma vez que, nenhuma nação conseguirá sustentar seu crescimento e desenvolvimento baseado apenas em indústrias pesadas como a automotiva e a siderúrgica, haja vista que o que gerará divisas para os países que almejam posições de destaque no cenário internacional numa sociedade do conhecimento, certamente, será o investimento no saber, principalmente aquele aplicado na tecnologia de ponta, como a informática e as telecomunicações, além de termos que formar competentes professores que tenham bons salários e uma boa estrutura de trabalho. 
Entretanto, o apego excessivo aos números nos induz ao erro de acharmos que melhoramos, enquanto sabemos, pelo menos alguns, que os poucos resultados bons são fruto dos esforços de profissionais da educação devotados que se abstraem de situações improváveis de sucesso, superando os obstáculos da má remuneração, da falta de estrutura, da falta de merenda, da falta de transporte escolar, enfim, da falta de respeito, e realizam um ótimo trabalho com os recursos que possuem. No entanto, não podemos esperar de alguns profissionais da educação, mas precisamos fazer outra leitura desses números, afinal eles tem algum significado positivo e/ou negativo.
É preciso questionarmos até que ponto nossa qualidade na educação está baseada só em números, que não retratam a real situação?